O Volkswagen Polo Track 2023 chegou no nosso mercado com a missão de substituir, simplesmente, o veículo de maior sucesso, já produzido pela montadora: o Gol.
Uma vez que as normas de emissões e segurança estão se tornando cada vez mais rígidas e exigentes, a Volkswagen se viu na necessidade de mudar seu portfólio, e disponibilizar em sua linha de entrada, um produto de projeto mais moderno, produzido sobre a plataforma MQB, bem mais versátil e com melhores índices de segurança em caso de colisão, quando se compara com o Gol, e sua já defasada plataforma PQ24.
DESIGN
Na dianteira, o Polo Track teve alguns cortes de custos, em relação às outras versões, a começar pelos faróis de foco simples, em lâmpadas halógenas, que sim, iluminam bem quando se usa a luz baixa, com um excelente recorte do feixe, para não ofuscar quem vem em sentido contrário.
Mas ao acionar a luz alta, a parte mais próxima ao veículo fica um pouco mais escura do que deveria, o que incomoda em viagens. Uma pena não terem disponíveis, os faróis dianteiros de neblina, nem como opcionais, que poderiam compensar um pouco esse ponto negativo.
Pelo menos, já conta com luzes de rodagem diurna (também em lâmpada halógena), que acendem-se assim que o veículo é ligado, o que é ótimo para a sua segurança em vias de pista simples.
Ainda falando em design, grades superior e inferior não recebem qualquer pintura ou apliques, e têm um visual mais simples comparado com as versões superiores do Polo.
Olhando o Polo de Track de lado, já percebemos um dos seus grandes pontos positivos, que é a sua altura mínima do solo, de 166 milímetros, mais que suficientes para passar por lombadas mais altas sem raspar o fundo deste veículo.
Os bons ângulos de entrada (17,2º) e saída (28,8º) favorecem as entradas e saídas de rampas de garagem mais seguras, evitando que os pára-choques raspem.
As rodas são de ferro, com calotas exclusivas da versão, pintadas em preto, e calçadas com pneus 185/65/R15, que garantem bom nível de aderência ao solo, bem como um certo nível de conforto ao rodar, como já observado em vários outros veículos da linha Volkswagen.
Maçanetas e retrovisores externos também foram alvos do corte de custos, e não recebem pintura na cor da carroceria, sendo que esses últimos, não possuem qualquer tipo de tecnologia eletrônica, como ajustes elétricos dos espelhos ou até mesmo os repetidores de seta.
O desenho da traseira segue semelhante às versões mais bem equipadas, com exceção das lanternas com detalhes em preto, e parte inferior do pára-choque, que também não recebe pintura na cor do veículo.
O logotipo da Volkswagen já segue o padrão atual, ostentando logo abaixo o nome da versão, em adesivo, e não em alto relevo, como nas outras versões.
De série, vem equipado com limpador, lavador e desembaçador traseiro, além do brake-light no discreto aerofólio, obrigatório por lei.
PORTA-MALAS
A capacidade de bagagens é de 300 litros, o que deixa o Polo Track na média, comparado com os concorrentes, perdendo apenas para o Sandero, com 320 litros.
Ao abrir a tampa, nota-se um compartimento totalmente forrado com carpete, o que agrada, bem como os amortecedores que são bem dimensionados, o que deixa o movimento quase automático.
Uma pena não vir equipado com qualquer tipo de iluminação interna, que faz bastante falta durante à noite, mas pelo menos vem com o banco traseiro rebatível de série (só não é bipartido!).
O estepe vem nas medidas 185/60/R15, que mesmo possuindo uma largura igual aos pneus principais, pode mudar bastante o comportamento dinâmico do veículo, uma vez que a sua altura total é diferente, sendo obrigado à vir com a etiqueta de aviso para uso temporário e velocidade máxima permitida de 80 km/h.
CONSUMO E AUTONOMIA
O tanque de combustível do Polo Track possui capacidade para 52 litros, e os números oficiais de consumo e autonomia seguem abaixo:
Consumo médio em cidade: 9,3 / 13,5 km/l (etanol / gasolina)
Consumo médio em estrada: 10,5 / 15,0 km/l (etanol / gasolina)
Autonomia média em cidade: 408 / 702 km (etanol / gasolina)
Autonomia média em estrada: 546 / 780 km (etanol / gasolina)
Na prática, após dirigir este Polo por mais de 300 quilômetros em estrada, sem se preocupar muito com economia, o consumo médio informado no computador de bordo foi de quase 12,0 km/l, abastecido 100% com etanol, o que é muito bom para a categoria dos compactos de entrada.
Sabemos que, o computador de bordo pode informar um número um pouco mais otimista que a realidade, mas é fato que se trata de um veículo bem econômico, que mesmo sendo necessário esticar bem as marchas na maior parte da viagem, ainda não decepcionou.
INTERIOR
Dizem que a primeira impressão é a que fica na nossa mente quando observamos algo, e quanto ao interior do Polo Track, é nítido que não agrada muito quanto à qualidade dos revestimentos utilizados em painel e forros de porta, ambos em plástico duro.
Nesta unidade específica avaliada, com 32 mil quilômetros rodados, ao rodar por ruas de calçamento, já se nota alguns ruídos provenientes deste acabamento interno.
Os bancos têm suas qualidades, principalmente com relação às generosas abas laterais, que impedem seu corpo de deslizar ao fazer curvas mais fechadas. No entanto, a espuma possui baixa densidade, o que acaba criando um certo desconforto na região lombar das costas, em viagens mais longas.
Os apoios de cabeça integrados podem incomodar algumas pessoas por indicar que se trata de uma solução para reduzir custos de produção, mas na prática, cumprem bem o seu papel de prevenir o efeito "chicote", e de quebra, possuem uma maior área de apoio para a cabeça. Me arrisco a dizer que são mais confortáveis que muitos apoios de cabeça removíveis por aí!
O Quadro de instrumentos já vem completo desde a versão de entrada Track, com conta-giros, velocímetro, além dos indicadores do nível de combustível e temperatura do líquido de arrefecimento, sendo que este último só é possível visualizar ao navegar pelas funções do display central.
O computador de bordo é bem completo, possuindo todas as funções de monitoramento de consumo e trajeto, necessárias para uma viagem, bem como algumas opções extras de ajustes, como indicador de mudanças de marcha, velocímetro digital, cinto de segurança não-afivelado (com sensor de peso nos bancos, para não ficar apitando à toa), e vários outros.
O sistema de som de série do Polo Track 2023 é o Media Plus II da Volkswagen, com conexões USB, SD, Bluetooth, auxiliar P2 e volante multifuncional, que permite também o ajuste de algumas funções do veículo, como desligamento do controle de tração e estabilidade, alterar as unidades de medida do computador de bordo (que vem informando o consumo médio em l/100 km), dentre outros.
A qualidade desse sistema de som deixa bastante a desejar, lembrando bastante aquelas caixinhas de som portáteis, mas pelo menos a conexão com o celular é feita de forma automática e bem rápida, depois de devidamente pareado pela primeira vez.
O porta-objetos central, abaixo dos comandos do ar condicionado, permite colocar um celular bem grande, sem maiores problemas, e já possui duas saídas de carregamento tipo-C, o que evita cabos pendurados pelo interior do veículo (Eu sei, carregamento por indução já é querer demais dessa versão de entrada do Polo).
Como opcional da linha 2024, pode-se equipar o Polo Track com a central Composition Touch, que acrescenta o espelhamento para smartphone e tela touchscreen, por um valor de R$ 660,00, cotados no site da montadora na data de produção deste artigo.
O já citado ar condicionado, gela na medida, e possui ajustes analógicos para controle de temperatura, velocidade e fluxo do ventilador, sendo que o re-circulador externo tem acionamento automático, dependendo do tempo de uso.
Além disso, essa versão Track, vem equipada de série com:
Direção elétrica
Vidros elétricos nas portas dianteiras
Travas elétricas para portas, porta-malas e tampa do tanque de combustível
Alarme com telecomando para portas e porta-malas
Ar condicionado
Computador de bordo
Banco do motorista com ajuste de altura
Cinto de segurança do motorista com ajuste de altura
4 airbags (2 frontais + 2 laterais)
Freios ABS
Cinto de 3 pontos e apoio de cabeça para todos os ocupantes
Controle de tração e estabilidade
Luzes de rodagem diurna
Isofix com Top Tether
Sensor de pressão dos pneus
Assistente de partida em rampa
Vetorização de torque
Sem nenhum opcional disponível para a linha 2023, a lista de equipamentos do Polo Track ainda conta com um certo nível de tecnologia embarcada, além de ser focada em itens de segurança, o que permitiu este modelo obter nota 3 de 5 possíveis no teste do LatinNCAP, conforme os protocolos mais atuais que temos (claro que a moderna plataforma MQB ajudou bastante).
ESPAÇO INTERNO TRASEIRO
Para quem viaja no banco de trás do Polo Track, o espaço para as pernas é razoável, uma vez que possui um entre-eixos de 2,56 metros, ficando abaixo apenas do Sandero com 2,59.
É claro que, comparado com veículos de porte médio, o Polo não é tão espaçoso assim, mas para a categoria dos compactos, se sai bem também em largura, sendo o maior entre os concorrentes, com 1,75 metros.
O acabamento segue o mesmo padrão da dianteira, e faz falta o acionamento elétrico dos vidros traseiros, sendo necessário verificar manualmente se estão bem fechados, ao deixar o veículo estacionado.
O túnel central é até baixo, mas avança bastante para as laterais, o que dificulta para quem vai no meio do banco, encontrar um lugar para os pés.
Faltam alças de teto e iluminação traseira, o que também considero como negativo, mas pelo menos é possível fixar até duas cadeirinhas de criança com a total segurança do sistema Isofix com Top Tether.
CONJUNTO MECÂNICO E IMPRESSÕES AO VOLANTE
O motor já é um velho conhecido no nosso mercado, o MPi, derivado da família EA211 da Volkswagen, se tratando de um três cilindros aspirado, com injeção indireta de combustível.
O sistema de sincronismo é feito por correia dentada de longa duração, acionando o duplo comando de válvulas no cabeçote, com variador de fase para a admissão, o que permite esse propulsor entregar uma potência de 77 cavalos na gasolina e 84 no etanol, a 6450 RPM, e um torque máximo aos 3000 RPM, variando de 9,6 a 10,3 kgfm, também dependendo do combustível utilizado, ou a proporção da mistura entre ambos.
Para um hatch compacto de 1054 quilos, a relação de peso/potência fica em 12,5 kg/cv, o que pode não parecer muito empolgante, mas na prática, surpreende muito positivamente, mesmo que para isso, seja necessário trabalhar com esse motor acima dos 3000 RPM.
Abaixo dessa rotação, é nítida a falta de fôlego, até mesmo dentro de cidade, ou com o ar condicionado desligado.
O câmbio é o ainda espetacular MQ200 de 5 marchas, com engates bem justos e precisos, mas que perdeu um pouco daqueles movimentos bem secos e diretos da alavanca, que davam até uma certa satisfação ao utilizá-lo, para se tornar um "mais do mesmo", quando comparado com os seus concorrentes.
O tradicional conjunto de suspensão Mc. Pherson na dianteira com eixo de torção na traseira, combinado com uma carroceria soldada à laser, garantem excelente rigidez torcional e muita confiança em curvas de alta velocidade, sem comprometer em conforto ao rodar, o que é ótimo.
Os freios são à disco ventilado na dianteira e tambor na traseira, como manda a cartilha de um veículo compacto, mas são bem dimensionados para o peso do Polo, e combinados com o sistema ABS e os pneus Dunlop Enasave EC300+, garantem paradas bem rápidas quando necessário.
A direção de assistência elétrica peca por não possuir nenhum tipo de ajuste da coluna, nessa versão. Mas em compensação, varia muito bem sua assistência de acordo com a velocidade, sendo bem leve em manobras, e pesada na medida, quando passa dos 100 km/h.
Pelo menos, a falta de ajustes do volante é compensado por um banco do motorista com uma ampla faixa de posições, que varia desde uma experiência de condução quase de SUV, até um estilo de pilotagem de kart, passando por milimétricos ajustes intermediários, o que é ótimo para atender à todos os gostos.
O que incomoda mesmo é o ruído do motor, que invade bastante a cabine, uma vez que o Polo Track não dispõe de um bom isolamento acústico, bem como a falta de iluminação dos botões dos vidros elétricos, e de algumas simbologias da chave de farol.
PREÇO E CONCORRENTES
Cotação: março/2024 - Tabela FIPE (usados)
Volkswagen Polo Track 1.0 12v MPi flex manual 2023 - Código: 005540-9
R$ 75.160,00
Chevrolet Onix 1.0 12v flex manual - 2023 - Código FIPE: 004519-5
R$ 74.645,00
Fiat Argo 1.0 6v flex manual - 2023 - Código FIPE: 001509-1
R$ 63.456,00
Hyundai HB20 Comfort 1.0 12v flex manual - 2023 - Código FIPE: 015215-3
R$ 67.141,00
Peugeot 208 Like 1.0 6v flex manual - 2023 - Código FIPE: 024264-0
R$ 65.029,00
Renault Sandero S Edition 1.0 12v flex manual - 2023 - Código FIPE: 025309-0
R$ 66.525,00
Em resumo, o Polo Track 2023 é indicado para você que busca um compacto para o dia-a-dia, que entrega um excelente consumo de combustível, estabilidade em curvas, boa altura do solo, segurança em caso de colisão e com um baixo índice de desvalorização, uma vez que se trata de um veículo bem procurado no mercado de usados.
Só atenção com o acabamento, que é fraco, assim como a lista de equipamentos, que é boa, mas fica devendo em alguns itens de conforto e comodidade à bordo, bem como o seu preço mais elevado que os concorrentes.
Mas e você? COMPRARIA um VW POLO TRACK?
COMENTE ABAIXO!!!
Comments