O QUE É UM PNEU REMOLD
Um pneu remold nada mais é que um pneu usado que passou por um processo de reforma ou recapagem para estender sua vida útil. Durante esse processo de remoldagem, a banda de rodagem do pneu é removida e uma nova camada de borracha é adicionada à carcaça do pneu. Isso é feito para corrigir desgastes e imperfeições na banda de rodagem e restaurar o perfil original do pneu.
Existem diferentes métodos de remoldagem, mas todos eles envolvem a aplicação de uma nova camada de borracha sobre a carcaça usada do pneu. Esse processo pode ser feito a frio, onde a nova camada de borracha é aplicada com adesivos em temperatura ambiente, ou a quente, onde a nova camada de borracha é aplicada com adesivos aquecidos e depois vulcanizada em alta temperatura para obter uma aderência mais forte.
COMO É O PROCESSO DE REFORMA À QUENTE
Esta é uma das técnicas mais utilizadas para reformar pneus, que é realizada em três etapas principais: preparação, aplicação da borracha e vulcanização.
Antes de aplicar a nova camada de borracha, o pneu usado é limpo e inspecionado para garantir que não haja danos estruturais na carcaça que possam comprometer a segurança do pneu remoldado. Em seguida, a banda de rodagem e as laterais são desbastadas para remover quaisquer resíduos de borracha antiga.
Depois de limpo e preparado, o pneu é colocado em uma máquina que aplica uma camada de borracha líquida e adesivo na superfície da banda de rodagem e laterais. Em seguida, uma faixa de borracha sólida é colocada em cima da camada líquida. Esse processo é repetido até que a espessura desejada seja alcançada.
Após a aplicação da borracha, o pneu é colocado em um molde e, em seguida, colocado em uma prensa de vulcanização, onde é aquecido a uma temperatura de cerca de 150 a 180°C por cerca de uma hora, a uma pressão que pode variar de 8 a 16 bar. A pressão e a temperatura elevadas permitem que a nova camada de borracha se funda por processo de ligação química com a carcaça do pneu usado, criando uma aderência forte e segura.
Lembrando que podem ser adotadas outras faixas de temperatura e pressão dependendo do tamanho do pneu, espessura da nova banda de rodagem ou tipo de adesivo utilizado no processo.
Depois da vulcanização, o pneu é inspecionado novamente para garantir que a nova banda de rodagem e as laterais estejam uniformes e que o pneu tenha sido corretamente moldado. O pneu remoldado é, então, balanceado, marcado com a data e indicação de reforma, como é exigido pelo Inmetro.
COMO É O PROCESSO DE REFORMA À FRIO
Este é um processo bem semelhante ao método à quente nas etapas iniciais, em que primeiro é feita toda uma inspeção das condições estruturais da carcaça que será utilizada, bem como a sua preparação para receber uma nova camada de borracha. Em alguns casos, essa carcaça pode ainda ser reparada com um composto de reparação para garantir uma superfície uniforme e nivelada.
A diferença é que no processo de aplicação da nova camada de borracha, aqui é feito utilizando uma espécie de prensa hidráulica que vai moldando essa nova camada de borracha à carcaça, em temperatura ambiente. Só após este processo que o pneu é então colocado em uma câmara de cura, onde é submetido a temperatura e pressão controladas para garantir a aderência ideal da nova camada de borracha à carcaça do pneu.
Por fim, o pneu é inspecionado visualmente e passa por um teste de inflação para verificar se não há vazamentos ou outros problemas. O processo de recauchutagem (como também é popularmente chamado) é finalizado com o balanceamento deste pneu e a marcação de sua data de reforma, bem como a indicação do processo realizado para este fim, como exige o Inmetro.
REGULAMENTAÇÃO DO INMETRO
De acordo com a portaria n°554/2015 do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), a classificação de pneus reformados se dá da seguinte maneira:
Recapagem: pneu reformado pela substituição de sua banda de rodagem;
Recauchutagem: pneu reformado pela substituição de sua banda de rodagem e dos seus ombros;
Remoldagem: pneu reformado pela substituição de sua banda de rodagem, dos seus ombros e de toda superfície de seus flancos ou laterais. Em outras palavras, este processo também é conhecido como recauchutagem de talão a talão.
Em 2015, o Inmetro anunciou a publicação de portaria complementar que altera as regras para a venda e reforma de pneus usados, seja por processo de recapagem, recauchutagem ou remoldagem.
A medida prevê a adequação de produção e venda dos pneus, com menor processo burocrático, mas também aumento da fiscalização, uso de selo de garantia de origem e de instruções ao comprador, com o objetivo de aumentar o padrão de qualidade do processo de produção, reduzir incidência de falhas e consequentemente aumentar a segurança do produto final.
Segundo as novas regras que começaram a entrar em vigor em 2017, pneus em reuso precisarão conter um "Selo de Identificação de Conformidade", obtido mediante testes com os produtos reformados e que atesta a manutenção de sua qualidade. Nele, devem constar o tipo de reparo (recauchutado, recapado, remoldado ou reformado) em alto relevo e facilmente identificável, além da data do conserto e o número de reformas já efetuadas na carcaça.
Além disso, deverá haver as tradicionais indicações de uso de carga e velocidade máximas a serem obedecidas e também estabeleceu alguns limites de número de reformas permitidas para cada pneu, de acordo com o seu tipo:
Diagonal para automóveis e comerciais leves: 3 reformas.
Radial para automóveis com código de velocidade até 190 km/h (T ou inferior): 2 reformas.
Radial para automóveis com código de velocidade acima de 190 km/h (U,ou superior): 1 reformas.
Diagonal para picapes, comerciais leves e rebocados: 4 reformas.
Diagonal e radial para caminhões, ônibus e rebocados: 6 reformas.
O QUE DIZ A LEI SOBRE PNEUS REMOLD
As Resoluções Contran n° 939/2022 e nº 959/2022 proíbem a utilização de pneus reformados no eixo dianteiro de ônibus ou micro-ônibus; e a Resolução Contran n° 913/2022 proíbe a utilização de pneus reformados em ciclomotores, motonetas, motocicletas, triciclos e veículos agrícolas.
Já os demais veículos, inclusive os de carga, também devem seguir a Resolução Contran n° 913/2022. A norma exige a gravação da palavra “reformado” e a marca do reformador, que devem estar visíveis na parte mais ampla dos flancos, atingida pela reforma. Além disso, deve ter a presença dos marcadores de índice de desgaste (TWI) dentro dos sulcos na banda de rodagem.
Veículos flagrados com pneus reformados que contrariem essas normas de trânsito serão autuados por conduzir o veículo com equipamento obrigatório em desacordo com o estabelecido pelo Contran (art. 230, X, do CTB). Esta é uma infração grave, com multa de R$ 195,23, 5 pontos na carteira e medida administrativa de retenção para regularização.
A Resolução Contran nº 913/2022 ainda proíbe a circulação de veículo automotor com pneus que os sulcos tenham profundidade inferior a 1,6 milímetros. Tal medida é verificada pelo indicador de profundidade do pneu, conhecido popularmente por TWI – Tread Wear Indicator. Nesse sentido, se atingir essa marca, é preciso substituir o pneu.
QUAIS AS VANTAGENS DE SE UTILIZAR UM PNEU REMOLD
São necessários em torno de 25 litros de petróleo para produzir um único pneu novo, então o fato de existir um processo em que você pode reutilizar um pneu é muito importante para reduzir a emissão de poluentes na atmosfera decorrentes da produção de um pneu novo, além da redução na produção de resíduos ou “lixo”, pelo reaproveitamento dessa carcaça.
Além disso, o custo de um pneu remold, sempre vai ser menor comparado a um pneu novo, mas claro, essa diferença pode variar bastante dependendo dos pneus que estão sendo comprados. Em alguns casos pode ser 20% menor, mas também pode chegar a uma diferença de quase 50%. Em uma compra de 4 pneus ao mesmo tempo, a economia se torna bem expressiva.
Um pneu remold também pode ser interessante para uso intenso urbano, em baixa velocidade, sendo em muitos casos, tão confortáveis quanto um pneu novo.
Por fim, é muito mais comum a sua aplicação em veículos de carga (leves ou pesados), que geralmente são usados em velocidades um pouco mais reduzidas, mesmo em rodovia, e uma vez que esse tipo de veículo usa uma quantidade maior de pneus de rodagem, a economia pode ser ainda mais significativa.
QUAIS AS DESVANTAGENS DE SE UTILIZAR UM PNEU REMOLD
Em primeiro lugar, não é possível ter um controle total sobre quais carcaças estão sendo usadas, mais especificamente acerca da sua qualidade interna, uma vez que para ser apto à reforma, o máximo que se consegue analisar, são os possíveis danos superficiais.
Além disso, a data de fabricação original é apagada no processo, então, dependendo do tempo de uso da carcaça, esta pode já não oferecer a mesma resistência estrutural de quando era nova.
Apesar de o Inmetro determinar que é proibido utilizar carcaças com mais de 7 anos de fabricação, mas como as informações são apagadas, fica difícil fiscalizar essa informação em um pneu que já foi reformado. Na Europa, por exemplo, é obrigatório que o pneu reformado tenha as duas datas gravadas: a de fabricação da carcaça e da(s) reforma(s).
Também podem apresentar dificuldade de balanceamento, o que pode causar vibrações, desconforto ao rodar e desgaste excessivo em componentes da suspensão, sem falar no desgaste acelerado da própria banda de rodagem.
Em adição, são bem mais ruidosos que os pneus novos, principalmente em rodovias, além de, geralmente, apresentar uma durabilidade menor da banda de rodagem comparado aos pneus novos, que pode chegar a uma diferença de 15 a 30%, o que muitas vezes, não justifica a diferença de preço, empatando com os novos.
Em veículos de carga como caminhões e carretas por exemplo, é bem comum utilizar os pneus remolds em todos os eixos, com exceção do dianteiro, no qual, geralmente, são utilizados pneus novos, que passam mais segurança em uma possível manobra rápida, condições de baixa aderência, bem como uma menor probabilidade de estourarem de forma repentinamente, indicando claramente que não há uma segurança tão grande assim em se utilizar os pneus remolds nesse eixo.
Além disso, a própria lei vigente proíbe o uso em motocicletas e similares, bem como no eixo dianteiro de ônibus e micro-ônibus, por exemplo, o que também está relacionado a uma menor confiabilidade comparado a um pneu novo.
Por fim, em vários testes práticos, foi identificado uma menor capacidade frenagem, tanto em pista seca quanto molhada, justificável pela qualidade da borracha da reforma, muitas vezes inferior à de um pneu novo. Em pista molhada, a eficiência de aderência e frenagem cai muito comparado com o comportamento de um pneu novo, o que pode significar a diferença entre se livrar ou se envolver em um acidente.
Mas me diga você? Compraria um pneu remold para colocar no seu carro? Esse tipo de pneu atende ao seu tipo de uso e suas expectativas quanto à segurança?
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