Motores com Correia Banhada a Óleo: O Novo Terror das Oficinas e Motoristas

Nos últimos anos, a indústria automotiva tem evoluído continuamente na busca por maior eficiência e durabilidade nos motores de combustão interna. Uma das inovações que ganhou destaque é o uso da correia banhada a óleo, um sistema que promete reduzir o atrito, melhorar a eficiência energética e reduzir os ruídos internos do motor.

No entanto, esse sistema também apresenta desafios e possíveis problemas ao longo do tempo. Neste artigo, abordaremos o projeto desse tipo de sistema, suas vantagens e desvantagens, além dos principais problemas enfrentados pelos proprietários desses veículos.

O que é a Correia Banhada a Óleo?

Também conhecida como correia imersa em óleo, é uma variação da tradicional correia dentada, mas com a particularidade de operar dentro do motor, sendo lubrificada pelo próprio óleo lubrificante do sistema.

Esse conceito começou a ser desenvolvido na Alemanha por volta do ano de 2007, e hoje é adotado por algumas montadoras aqui no Brasil, como Ford, Chevrolet, Peugeot e Citroën, visando oferecer uma alternativa mais silenciosa e "durável" às correntes de comando e às correias convencionais, respectivamente.

Veículos Equipados com esse Sistema

• Ford Ka (2015-2021): motores 1.0 Ti-VCT e 1.5 Dragon de 3 cilindros;

• Ford Ecosport (2018-2021): motor 1.5 Dragon 3 cilindros;

• Ford Fiesta (2016-2019): motor 1.0 turbo Ti-VCT Ecoobost 3 cilindros;

• Chevrolet Onix e Onix Plus (2020-hoje): motores 1.0 CSS Prime aspirado e turbo;

• Chevrolet Tracker e Montana (2020-hoje): motores 1.0 e 1.2 CSS Prime turbo;

• Peugeot 208 (2017-2020): motor 1.2 EB2FF Puretech 3 cilindros;

• Citroen C3 (2017-2021): motor 1.2 EB2FF Puretech 3 cilindros.

Vantagens da Correia Banhada a Óleo

✅ Maior vida útil – Em comparação com as correias convencionais, a correia banhada a óleo tende a durar mais tempo, podendo ultrapassar 200.000 km em algumas aplicações. De acordo com os manuais de manutenção, os motores 1.2 Puretech têm prazo de troca recomenado a cada 80.000 km ou 6 anos, enquanto os CSS Prime Chevrolet, exigem a substituição a cada 240.000 km ou 15 anos.

✅ Menos atrito e ruído – Diferente das correntes de comando, que podem gerar ruídos e vibrações com o tempo, a correia imersa em óleo oferece um funcionamento mais suave e silencioso;

✅ Eficiência energética – A redução do atrito contribui para um menor consumo de combustível, tornando o motor mais eficiente. O Chevrolet Onix, por exemplo, está entre os modelos que registraram o menor consumo de combustível, conforme testes oficiais;

✅ Menos desgaste nos componentes internos – A lubrificação contínua ajuda a preservar os componentes internos, como as polias, tensores e guias, reduzindo a necessidade de substituições frequentes;

✅ Menor custo de fabricação e substituição – Comparada a uma corrente de comando, a correia banhada a óleo pode ser mais barata para a montadora, reduzindo o custo de produção dos motores. Também pode ser mais barata para o consumidor, com preços dos kit's completos variando de R$ 600 a R$ 1.100, enquanto sistemas completos de sincronismo por corrente podem facilmente passar desses valores.

Desvantagens da Correia Banhada a Óleo

❌ Substituição mais trabalhosa e cara – Apesar da maior durabilidade, a troca da correia banhada a óleo pode ser mais complexa, uma vez que, por ficar dentro do motor, mais componentes devem ser removidos antes de chegar na correia;

❌ Sensível à qualidade do óleo lubrificante – O acúmulo de resíduos e degradação do óleo pode comprometer a integridade da correia, tornando essencial o uso de lubrificantes recomendados pelo fabricante, com atenção para as normas internas da montadora, específicas para motores com correias banhadas à óleo. Esse talvez, seja o ponto mais crítico para garantir a durabilidade do sistema;

❌ Possíveis problemas de lubrificação – Em casos de desgaste prematuro da correia, partículas de borracha podem se desprender e contaminar o óleo do motor, causar obstrução à passagem do próprio óleo, levando a falhas de lubrificação e danos aos componentes internos. Nos Onix turbo, por exemplo, são recorrentes os relatos de obstrução por fragmentos da correia na bomba à vácuo, que pode comprometer o funcionamento do pedal de freio, deixando-o mais pesado;

❌ Disponibilidade limitada de mão-de-obra – Nem todas as oficinas possuem conhecimento técnico avançado para lidar com esse tipo de sistema, o que pode dificultar a manutenção em determinadas regiões.

❌ Modo de condução – Para motoristas que usam o veículo frequentemente em condições severas, é ainda mais importante a atenção com os prazos de trocas descritos no manual (geralmente mais reduzidos), uma vez que o óleo fica mais susceptível a sofrer uma contaminação mais rápida, também pelo combustível.

Cuidados que se Deve Ter com a Correia Banhada a Óleo

Manter o sistema de correia banhada a óleo em bom estado exige atenção e algumas práticas essenciais:

🟢 Troca de óleo dentro do prazo recomendado – Utilize apenas o óleo especificado pelo fabricante e realize as trocas dentro do intervalo recomendado para evitar degradação prematura da correia. Atenção para sua forma de usado, que pode influenciar no prazo de troca dessa correia;

🟢 Monitoramento constante do nível e da qualidade do óleo – O nível de óleo deve ser verificado regularmente para evitar falhas na lubrificação da correia e de outros componentes. Por exemplo, se o óleo apresentar bolhas ou coloração esbranquiçada, pode ser um indício de contaminação pelo líquido de arrefecimento, sendo necessário levar ao mecânico o mais breve possível;

🟢 Inspeção periódica da correia – Em revisões programadas, peça para que a correia seja inspecionada por um profissional para identificar possíveis desgastes ou sinais de deterioração. Dessa forma, você pode se antecipar a um possível problema, o que pode reduzir os danos causados ao motor e consequentemente os custos de reparo;

🟢 Evitar rodar com óleo vencido ou contaminado – A borracha da correia pode sofrer degradação química ao entrar em contato com óleo de má qualidade ou já saturado de partículas contaminantes. Cuidado também com a procedência da loja que você vai comprar esse óleo, seja física ou online, uma vez que hoje em dia, também estão comuns as falsificações de óleo lubrificante;

🟢 Uso de peças e fluidos originais – Sempre utilize correias e lubrificantes originais ou homologados pelo fabricante para garantir a durabilidade do sistema, com atenção para as especificações e homologações internas.

Atenção para alguns planos de manutenção específicos, retirados diretamente dos manuais de manutenção dos veículos abaixo:

Ford Ecosport 2018> 

• Óleo de motor: Troca a cada 1 ano ou 10 mil km, o que ocorrer primeiro;

• Especificação: 5w20, WSS-M2C948-B;

• Prazo de troca da correia: 160 mil km.

Ford Ka 2015>

• Óleo de motor: Troca a cada 1 ano ou 10 mil km, o que ocorrer primeiro;

• Especificação: 5w20, WSS-M2C948-A ou B;

• Prazo de troca da correia: 260 mil km;

• Também usa correia dentada para bomba de óleo, imersa, mas não é falado sobre o seu prazo de troca, no manual do proprietário.

Chevrolet Onix 2020> 

• Óleo de motor: Troca a cada 1 ano ou 10 mil km, o que ocorrer primeiro;

• Especificação (aspirado): Dexos 1 GEN 2 (ou 3), API SN (ou SP), ILSAC GF-5 (ou GF-6A), SAE 0w20;

• Especificação (turbo): Dexos 1 GEN 2 (ou 3), API SN (ou SP), ILSAC GF-5 (ou GF-6A), SAE 5w30;

• Montadora não permite adição de qualquer aditivo, condicionador de metais ao óleo, bem como qualquer procedimento de limpeza por flushing, ou similares;

• A cada troca de óleo, zerar o sistema de vida útil do óleo (monitoramento no computador de bordo), pois ele calcula o prazo baseado no modo de uso, temperatura, tempo de motor em marcha lenta, condições severas e vários outros;

• Prazo de troca de correia: 240 mil km ou 15 anos, o que ocorrer primeiro;

• Bomba de óleo também é acionada por correia dentada, imersa, e separada da correia sincronizadora, mas com mesmo prazo de troca.

Peugeot 208 <2020 

• Óleo de motor: Troca a cada 1 ano ou 10 mil km, o que ocorrer primeiro;

• Especificação: 0w30, Total Quartz Ineo First ou Eurorepar Premium;

• Prazo de troca da correia: 80 mil km ou 6 anos.

🟢 Verificação da bomba de óleo e do tensionamento da correia – Como a bomba de óleo é essencial para a lubrificação do sistema, certifique-se de que está funcionando corretamente e que a correia mantém a tensão adequada. Como prevenção, é interessante a substituição preventiva de alguns desses componentes, até mesmo para "aproveitar a mão-de-obra".

Vale a Pena um Motor com Correia Banhada a Óleo?

Os motores com correia banhada a óleo representam uma inovação interessante, trazendo benefícios como maior eficiência energética e redução de ruídos. No entanto, a necessidade de manutenções rigorosas e o risco de contaminação do óleo exigem atenção redobrada por parte dos proprietários.

Se você está considerando adquirir um veículo com essa tecnologia, o ideal é seguir rigorosamente o plano de manutenção do fabricante, utilizar óleos lubrificantes de alta qualidade e realizar inspeções periódicas para evitar problemas futuros.

Também é de suma importância comprar um exemplar que tenha sido bem cuidado pelo dono anterior (caso esteja comprando um usado), com todas as revisões comprovadas por carimbo da concessionária ou pelas notas fornecidas por uma oficina independente. Então, você deve saber fazer essa avaliação técnica pré-compra de forma objetiva e correta, para aumentar as chances de levar um excelente veículo para a sua garagem.

Mas e você? Compraria um carro com motor sincronizado por correia banhada a óleo?

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