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Motor Fire - Tudo que vocĂȘ precisa saber

Foto do escritor: Paulo SilvaPaulo Silva

Atualizado: 13 de jan.

ORIGEM, CRONOLOGIA E APLICAÇÕES


motor fire 1.0 8v uno mille

Motor Fire, começando justamente pelo nome, muitas pessoas costumam relacionar sua origem Ă  palavra “fogo”, que seria uma tradução literal para o inglĂȘs. No entanto, para esses motores, a palavra “Fire” Ă© uma sigla para Fully Integrated Robotised Engine, que em tradução livre para o portuguĂȘs, quer dizer “Motor Completamente Montado por RobĂŽs”.


Originado na Europa, em 1985, e vindo para o Brasil 15 anos depois, em 2000, no Fiat Palio, o motor Fire foi o primeiro da marca a contar com sua montagem feita por robĂŽs, alĂ©m de maior parte do projeto ter sido desenvolvido em ambiente digital, usando atĂ© mesmo sistema de elementos finitos para simular os esforços dos materiais que seriam utilizados, bem como testar inĂșmeras variaçÔes de formas e dimensĂ”es.


Isso permitiu um volume maior de produção, com uma melhor precisĂŁo tĂ©cnica, minimizando erros e resultando em maior eficiĂȘncia final, comparado com modelos mais antigos, como os Fiasa.


Usando essas e vårias outras tecnologias de ponta da época, foi possível obter um bloco com espessura de parede de apenas 4 mm, o que resultou em um peso total da peça de 18 kg, com um peso total do motor de 69 kg, considerado um dos mais leves do mercado.


fĂĄbrica de motores

No seu auge de produção, a Fiat chegou a produzir 3 mil motores desses por dia, e para garantir o padrão de qualidade, todos os parùmetros de produção (dimensÔes, alinhamentos, planicidade, etc.) eram verificados à laser, o que também era inovador para a época.


no Brasil, incialmente, podiam vir movidos apenas à gasolina, nas variaçÔes 1.0 8v ou 1.3 16v, sendo que em 2002 vieram os 1.0 16v e em 2003, os 1.3 8v, também ainda abastecidos com o derivado do petróleo.


Em 2004, os 1.3 receberam a tecnologia flex, podendo serem movidos por gasolina ou etanol, em qualquer proporção de mistura entre si. Os 1.0 só viraram bicombustíveis um ano depois. Ainda nessa época também foram descontinuados os motores 1.0 e 1.3 de 16v.


motor fire 1.4 EVO

Jå em 2005, os motores 1.3 8v aumentaram sua cilindrada e evoluíram para os 1.4 8v, enquanto que em 2010, tanto 1.0 quanto 1.4 receberam importantes atualizaçÔes passando a serem chamados de Fire EVO, com melhor acerto eletrÎnico de gerenciamento do motor, novos pistÔes, eixo de comando, bicos e coletor de admissão. Além disso, para os 1.4, foi adotado variador de fase para as vålvulas de admissão.


Em 2016, os motores 1.0 começaram a ser substituídos pelos então mais modernos motores Firefly (apesar do nome parecido, são uma família totalmente à parte de motores, e que merecem um artigo dedicado futuramente), porém os 1.4 ainda resistem até os dias atuais, equipando Fiat Strada (até final de 2023) e Fiorino.


AlĂ©m desses carros, durante toda sua estadia no Brasil, vocĂȘ pode encontrar os motores Fire equipando veĂ­culos como Palio e Palio Weekend, Siena e Grand Siena, DoblĂŽ, Uno, e Punto.


Existiu também uma variação interessante desse motor, que é o 1.4 16v turbo, que equipou a linha T-Jet de veículos como Bravo, Punto e Linea, que também merece um artigo à parte sobre seu projeto, por se tratar de um motor bem diferente em termos técnicos, apesar de ter origem na mesma família Fire.


PROJETO


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BLOCO


bloco motor fire

O bloco dos motores Fire sĂŁo divididos em duas partes: superior e inferior. A primeira, Ă© composta de alumĂ­nio com mancais sinterizados, que permite uma estrutura mais rĂ­gida diminuindo a vibração do motor. JĂĄ a segunda parte, Ă© feito em alumĂ­nio fundido, sendo o apoio para as bronzinas de aço sinterizado, que possui maior resistĂȘncia mecĂąnica e tĂ©rmica.


Os cilindros sĂŁo usinados diretamente no bloco e permitem retĂ­ficas de 0,20 e 0,40 mm, enquanto que os pistĂ”es, sĂŁo fabricados em trĂȘs classes dimensionais A, B e C, sendo que as variaçÔes de uma classe para a outra Ă© de 0,010 mm.


Um detalhe que vale ser mencionado Ă© que os pistĂ”es dos motores flex 1.3 8v contĂȘm uma camada de grafite na regiĂŁo da saia que contribui para prolongar a vida Ăștil da peça.


Em 2003, ao se tornar flex, o topo do pistão dos motores 1.0 8v foram modificados a fim de aumentar a taxa de compressão de 9,5:1 para 11:1, o que resultou em um melhor rendimento, que atendesse bem aos dois combustíveis, em qualquer proporção de mistura.


Com isso, a potĂȘncia foi de 55 para 65 cv (gasolina) e o torque de 8,5 para 9,1 kgfm (gasolina). No etanol, a potĂȘncia era de 1 cv a mais e o torque de 0,1 kgfm extra.


pistĂŁo motor fire .14 EVO

JĂĄ em 2010, quando jĂĄ haviam os motores 1.4, ao passarem pela atualização EVO, os pistĂ”es ficaram um pouco menores, em altura, o que reduziu o seu peso ao mesmo tempo em que ganhou maior resistĂȘncia estrutural e melhor distribuição de calor.


Na primeira geração desse motor, as bielas eram fabricadas em aço SAE-1008 liga ML- 215 com tratamento superficial em jateamento de esferas. Eram fundidas em uma Ășnica peça e posteriormente fraturadas (processo de "craqueamento"), permitindo montagem mais precisa. JĂĄ nos 1.4 EVO mais modernos, passaram a ser forjadas, para uma maior resistĂȘncia mecĂąnica.


motor fire biela

Os parafusos das bielas recebem torque angular e é recomendåvel sua substituição toda vez que efetuar a sua desmontagem.


A årvore de manivelas é fabricada em ferro fundido nodular (tipo b), temperada por indução, com 4 contrapesos e 5 mancais fixos, e permite retífica de 0,25 ou 0,50 mm.


O bloco do motor Ă© equipado com pulverizadores de Ăłleo, que tĂȘm como finalidade promover o arrefecimento da cabeça do pistĂŁo e permitir a lubrificação do seu pino.


CABECOTE


motor fire 16v

Nos cabeçotes de duplo comando (16 vålvulas), estes são montados mais próximos entre si, o que propicia um menor ùngulo entre vålvulas. Com o comando de descarga acionado diretamente por uma polia de força do motor, consegue-se uma maior aproximação entre os dois eixos e uma cùmara de combustão mais compacta, o que traz como benefício o aumento na velocidade de queima, maior rendimento termodinùmico e consequente melhoria nas emissÔes.


Em todas variaçÔes desse motor, o cabeçote Ă© do tipo “fluxo cruzado”, ou seja, dutos de admissĂŁo e escape se encontram em lados opostos. Com isto, temos uma melhora no desenho das galerias de arrefecimento, resultando em um melhor rendimento do motor e partida a frio mais eficiente.


motor fire 1.4 evo nova strada

Os mais modernos 1.4 EVO ganharam um cabeçote com dutos de admissĂŁo redesenhados para favorecer a alta turbulĂȘncia da mistura ar/combustĂ­vel para os cilindros, garantindo uma melhor atomização antes da queima.


Os tuchos dos cabeçotes 8 vålvulas são do tipo mecùnicos, ou seja, exigem ajuste periódico para que o motor continue trabalhando em seu ponto ideal de funcionamento. Jå os cabeçotes 16 vålvulas usam tuchos hidråulicos, que dispensam essa manutenção.


Nos 1.3 8v, ao virarem flex em meados de 2003, as guias de vålvulas receberam tratamento contra corrosão e desgaste devido ao menor poder de lubrificação do etanol.


JĂĄ nos 1.4 EVO, o comando de vĂĄlvulas Ășnico no cabeçote, passou a contar com variador de fase para a admissĂŁo, visando a redução do consumo de combustĂ­vel e emissĂŁo de poluentes.


Esse sistema de variação contínua atua com função de atraso do tempo, gerando um efeito semelhante à uma vålvula EGR, que produz uma combustão mais fria em alguns regimes de rotação, ao reaproveitar parcialmente os gases de escape para a admissão.


Sendo assim, esse sistema garante uma economia de combustĂ­vel de atĂ© 5% comparado Ă  sua versĂŁo anterior, otimizando a produção de torque em baixos giros, alĂ©m de permitir um ganho de potĂȘncia em altas rotaçÔes.


A tampa de vålvulas desses motores possui o suporte para a fixação do atuador hidråulico responsåvel por acionar a polia do variador de fase, além do filtro antichama, também acoplado à essa tampa.


Os 1.0 EVO não possuem a tecnologia de variador de fase, mas ganharam muitas melhorias, principalmente na redução de atrito dos componentes móveis.


ADMISSÃO


motor fire coletor de admissĂŁo

O coletor Ă© fabricado em plĂĄstico, que permite obter menor rugosidade nas paredes internas, o que proporciona melhor fluidez no ar de admissĂŁo para enchimento do cilindro e uma menor temperatura no coletor.


Quando se tornou flex, os 1.0 8v passaram a contar com dutos de admissĂŁo mais curtos e ĂĄrea de secção transversal maiores, visando o ganho de potĂȘncia.


Os motores da linha EVO tiveram todo um trabalho de redesenho do sistema de admissão, que é visivelmente diferente da versão anterior. E não é só por função estética, mas sim para se criar um caminho em que se tenha uma redução do ruído gerado pela passagem de ar, lançando mão também de alguns ressonadores internos para se alcançar tal resultado.


Quanto ao sistema de aceleração, os primeiros motores vinham equipados com acionamento da borboleta via cabo, com exceção dos 16v, que jå dispunham de gerenciamento eletrÎnico, que só se estendeu para toda a linha em meados de 2007, o que resultou em um melhor controle de abertura da borboleta para partida à frio, filtragem de acionamentos involuntårios, o que trouxe junto uma economia de combustível.


ESCAPE


motor fire ilustração em corte

O sistema conta com dois silenciadores para redução de ruĂ­do, ao mesmo tempo em que nos motores com tecnologia flex, possuem uma maior resistĂȘncia Ă  corrosĂŁo.


Nos motores EVO, o catalisador Ă© de menor resistĂȘncia ao fluxo e fica bem prĂłximo ao motor, jĂĄ na saĂ­da do coletor de escape, o que permite atingir sua temperatura de trabalho mais rapidamente.


COMBUSTÃO


motor fire evo 1.4

Os motores 1.4 EVO passaram a contar com bobinas de ignição individuais para cada cilindro, melhorando o processo de queima do combustível, diferente dos anteriores que usavam bobina de ignição eståtica.


O sistema de gerenciamento é da Magnetti Marelli, de ignição eletrÎnica digital e injeção de combustível sequencial, ou seja, apenas um bico por vez, injeta combustível, o que reduz bastante o consumo ao mesmo tempo em que se mantém o mesmo rendimento (exceto em partidas à frio, em que o sistema injeta combustível nos quatro bicos ao mesmo tempo).

A pressão de trabalho dos bicos injetores fica em torno de 4,2 bar, e este é um sistema bem complexo e moderno para a época, que tem as funçÔes de:


  • Auto adaptação do sistema;

  • AutodiagnĂłstico;

  • Reconhecimento da chave Fiat CODE (imobilizador);

  • Controle do variador de fase;

  • Controle da injeção de combustĂ­vel em todas as fases de funcionamento;

  • Corte de combustĂ­vel a 0% de carga e em movimento (cut-off);

  • Recuperação dos vapores de combustĂ­vel;

  • Limitação de rotação mĂĄxima;

  • Controle de componentes e sistemas como bomba de combustĂ­vel, compressor do ar condicionado e eletroventilador do radiador;

  • Reconhecimento da posição dos cilindros;

  • Controle do avanço de ignição.


REFRIGERAÇÃO


motor fire bomba d' ĂĄgua

O sistema de arrefecimento é do tipo circulação forçada por uma bomba radial centrífuga com rotor semiaberto, acionada pela correia dentada. Essa bomba tem paletas maiores nos motores 1.4 EVO, comparado às outras variaçÔes desse motor.


A capacidade total varia de 5,1 a 5,4 litros, com uma pressão de trabalho de 1,4 bar, e o líquido recomendado pelo fabricante, deve atender à norma FIAT 55523/1, na proporção de 30%.


A temperatura ideal de trabalho desses motores varia de 87°C (abertura da vålvula termoståtica), até 100°C, em veículos com ar condicionado e segunda velocidade do eletroventilador acionada.


LUBRIFICAÇÃO


motor fire 1.0 8v palio siena

O sistema de lubrificação é do tipo forçada, composto por uma bomba de engrenagens e um filtro de óleo (200ml de capacidade aproximada) do tipo fluxo completo, com vålvulas de retenção e segurança.


A capacidade de Ăłleo total, para os motores 8 vĂĄlvulas, Ă© de 2,7 litros, considerando o filtro, enquanto para os motores 16 vĂĄlvulas, Ă© de 3 litros.


A pressão de trabalho à 100°C, para marcha lenta ou até 1000 RPM, é de 0,7 bar, mínimos, enquanto a 4000 RPM, deve ser superior a 4 bar.


ESPECIFICAÇÕES DE ÓLEO


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Lembrando que, para fazer a troca de Ăłleo do seu carro, vocĂȘ deve seguir as recomendaçÔes do manual de manutenção. AlĂ©m disso, as viscosidades e classificaçÔes API podem variar dependendo do ano de fabricação do motor ou cilindrada:


  • 2005> 10w40 ou 15w40 API SL

  • 2009> 5w30 ou 15w40 API SL

  • 2012> 5w30 API SL

  • 2013> 5w30 ou 15w40 API SM


NÚMEROS DE DESEMPENHO

  • 1.0 8v – 61cv gasolina (2000>2001) – 55cv (2002>2004) – 65cv (2004>2005) – 65/66cv flex (2005>2010) – 73/75cv EVO (2010>2016)

  • 1.0 16v – 70cv (2002>2003)

  • 1.3 8v – 67cv gasolina (2003>2004) – 70/71cv flex (2004>2005)

  • 1.3 16v – 80cv gasolina (2000>2003)

  • 1.4 8v – 80/81cv flex (2005>2010) – 85/86cv (2010>2011 Palio e Siena G4) – 85/88cv EVO (2011>2023)


PONTOS DE ATENÇÃO



Correia dentada e de acessĂłrios, exigem trocas constantes. Apesar de alguns manuais falarem em trocas a cada 60 mil km ou 3 anos, pode ser necessĂĄrio substituir bem antes, por exemplo, se morar em ĂĄrea de mineradora, deve-se reduzir prazo pela metade.


Relatos de danos frequentes em junta de cabeçote, o que geralmente causa uma redução constante no nível do líquido de arrefecimento, seguido de fumaça branca no escapamento do veículo.


As versĂ”es desse motor equipados com tuchos mecĂąnicos, exigem ajuste de folga de vĂĄlvulas a cada 30 mil km, conforme manual do proprietĂĄrio, sob pena deste apresentar uma perda de potĂȘncia e aumento no consumo de combustĂ­vel.


Relatos frequentes de perda de eficiĂȘncia no catalisador, mesmo com baixa quilometragem, em torno dos 70 mil km, o que pode causar forte odor nos gases do escapamento ou ainda aumento do consumo de combustĂ­vel, seguido pela luz de diagnĂłstico acesa no quadro de instrumentos.


No entanto, nĂŁo deixa de ser um excelente motor, que atravessou geraçÔes e tem se mostrado muito eficiente, de Ăłtima resistĂȘncia de durabilidade mecĂąnica, e com um custo baixo de manutenção, tanto preventiva quanto corretiva. Com exceção dos 16 vĂĄlvulas, que sĂŁo mais complexos, os motores Fire sempre serĂŁo referĂȘncia quando o assunto Ă© confiabilidade mecĂąnica.






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