Os pneus são componentes fundamentais dos veículos, proporcionando segurança, conforto e desempenho. No entanto, o processo de fabricação de um pneu, é bem complexo e requer uma série de etapas meticulosas, desde a seleção da matéria-prima até a sua montagem final.
Para entender melhor sobre como é feito um pneu, o Bate-papo Automotivo, por intermédio da empresa de comunicação e marketing LVBA, foi convidado pelo Grupo Sumitomo Rubber do Brasil para visitar as instalações da empresa, em Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba.
Presente no Brasil desde 2013, o grupo Sumitomo produz hoje os pneus das marcas Dunlop, Falken e Sumitomo, em seu complexo de 157 mil metros quadrados, contando com um quadro de 1,9 mil colaboradores, garantindo uma capacidade produtiva de 20 mil pneus por dia, fornecendo para montadoras como Fiat, Honda, Volkswagen e Toyota.
A visita às instalações contou com a presença do Diretor de Vendas Reposição e Marketing, Rodrigo Alonso, e outros importantes executivos e engenheiros envolvidos no processo, desde a concepção inicial do projeto dos pneus da marca, até que estes passem pelo rigoroso controle de qualidade e enfim sejam enviados para as inúmeras lojas credenciadas, bem como para seus clientes diretos.
Matéria-prima
A fabricação de um pneu começa com a seleção cuidadosa das matérias-primas. Os principais componentes de um pneu incluem borracha natural e sintética, negro de fumo, sílica, fibras sintéticas e naturais, além de uma variedade de produtos químicos.
Borracha: Um dos principais componentes na fabricação de um pneu, a borracha pode ser obtida de forma natural, pelo látex extraído da árvore seringueira, alcançando características de menor desgaste, maior elasticidade e facilidade na dissipação do calor; ou de forma sintética, produzida a partir de derivados do petróleo, o que garante uma maior durabilidade e resistência às rachaduras e à abrasão. Ambas são combinadas para fornecer as propriedades desejadas de resistência, elasticidade e durabilidade, de acordo com o projeto de cada modelo de pneu.
Negro de Fumo: Obtido através da combustão incompleta do petróleo, desempenha um papel vital ao aumentar a resistência à abrasão, o que resulta em uma maior durabilidade dos pneus, além de ser fundamental para otimizar o processo de vulcanização da borracha, e também confere a característica distintiva de cor preta aos pneus.
Fios de aço: São parte essencial da estrutura de um pneu, garantindo a sua integridade durante os mais variados modos de condução. Fornecidos pela indústria metalúrgica, os fios de aço recebem tratamento e aditivação específicos para garantir a sua resistência mecânica e evitar a ação corrosiva do tempo e agentes externos.
Produtos químicos: São utilizados aceleradores, retardadores, óleos, resinas, lubrificantes, desmoldantes e antioxidantes, para desempenhar funções específicas na composição e qualidade dos pneus, como é o caso do enxofre, por exemplo, que é fundamental no processo de vulcanização da borracha.
Sílica: Quando aplicada à mistura da banda de rodagem, proporciona uma propriedade de menor resistência ao rolamento, melhorando a eficiência do pneu e reduzindo o consumo de combustível do veículo.
Todos estes componentes são combinados para formar um pneu, cada um em um percentual ideal aproximado, como mostrado abaixo:
Também é importante nomearmos corretamente cada parte ou região de um pneu, para compreendermos melhor como cada uma delas é produzida e montada:
Banda de rodagem
Ombros
Cinturão têxtil
Cintas de aço
Carcaça
Parede lateral
Liner
Talões
Fabricação
Mistura da borracha - Banbury
Todos os materiais que compõem o revestimento de borracha do pneu são processados no Banbury, uma máquina que possui a função de misturar de forma adequada todos os compostos em temperaturas e pressões precisamente ajustadas de acordo com o projetado para cada modelo de pneu que se deseja obter.
Após a consolidação dos materiais, a placa de borracha é transportada por um sistema de rolos para que seja dado o tempo adequado de resfriamento, para só então ser estocado para utilização posterior.
Talão
Em paralelo, os talões dos pneus são produzidos nas "Isoladoras", cuja função é receber um feixe de arames de aço de alta resistência, e isolá-los com um composto de borracha específico para esse material.
A máquina dará algumas voltas em um gabarito com aros específicos configurados para cada modelo de pneu que será produzido, criando assim o núcleo do talão.
Um exemplo de montagem dessa estrutura nos pneus Dunlop, é utilizando arames de aço para formar uma estrutura hexagonal, que darão origem ao núcleo do talão.
Essa característica tem o objetivo de garantir melhor assentamento na roda e maior índice de recapagem, pois oferece flexibilidade e resistência às mais variadas condições de uso encontradas em nosso mercado.
Topping / cutting
Após esse processo, os fios de aço são cobertos novamente por borracha, formando uma lona e sendo cortada em ângulos de acordo com a especificação técnica do produto.
Após os cortes dessas lonas, elas são emendadas entre si nesse determinado ângulo e armazenadas para a aplicação na construção das carcaças, das lonas e dos reforços dos pneus.
Construção
Nesta etapa está o grande diferencial do TAIYO (Sun) System, processo inovador e exclusivo desenvolvido pelo Grupo Sumitomo que possibilita a produção de pneus sem emendas nas partes de borracha.
Dessa forma, são unificadas três etapas da construção convencional (Calandragem, Extrusão da Banda, Extrusão da lateral) em um único processo interconectado e computadorizado.
Para a estrutura interna, o Liner (composto de borracha butílica responsável por manter o ar dentro do pneu) é produzido sem emendas, e ao mesmo tempo, é aplicada a carcaça do pneu, oriunda do processo de Topping.
Na sequência, para a estrutura externa, são aplicadas a borracha correspondente à lateral do pneu e posteriormente a banda de rodagem, todas sem emendas. Também nessa hora, são montadas as lonas provenientes do Topping.
No processo de construção, a estrutura interna é inserida dentro da estrutura externa e na sequência, o maquinário expande a estrutura interna até que ambas sejam unificadas, dando origem ao “pneu verde” (terminologia utilizada dentro da fábrica para designar um pneu que ainda não está pronto).
A máquina de construção otimiza a preparação do “pneu verde” na medida em que não é necessário preparar e estocar previamente materiais calandrados e extrusados, ocorrendo a aplicação dos componentes de borracha na medida necessária.
Ademais, sendo a aplicação da borracha feita por sobreposição em número de voltas controladas de fina fita de borracha, o pneu tem grande uniformidade construtiva, já que grandes peças de borracha não são emendadas radialmente no pneu.
Vulcanização
O “pneu verde” é colocado em um molde de alumínio, que vai reproduzir fielmente todo o desenho de banda de rodagem, informações obrigatórias, logomarca do fabricante, etc., que foram projetados pelos designers previamente.
Após isso, uma bexiga (denominada Bladder) montada dentro do "pneu verde", é inflada com vapor e nitrogênio em alta temperatura, empurrando-o contra o molde para dar a forma final.
Após a vulcanização, os pneus são encaminhados por meio de esteiras automatizadas enquanto são resfriados.
Inspeção (Automatizada e manual)
Nessa etapa, cada um dos pneus produzidos é minuciosamente inspecionado por profissionais capacitados, que analisam desde a aparência geral do produto até a existência de defeitos que podem prejudicar funcionalmente a utilização do produto.
Os pneus também passam pelo processo de acabamento, em que pequenos excessos de borracha são cuidadosamente removidos.
Todos os produtos que não estejam em condições de aprovação são separados e destinados ao descarte.
Etiquetagem, armazenamento e envio
Mais uma verificação é feita e os pneus são etiquetados, paletizados, e armazenados em temperatura ambiente, umidade e poeira controlados, para manter a aparência perfeita até a entrega para o cliente.
Todo o galpão de armazenamento conta com um avançado controle de segurança contra incêndio, em conformidade com as normas regulamentadoras mais atuais.
Muito bacana!