Saber como avaliar um carro usado é essencial para garantir que você está fazendo um bom negócio e evitando futuras dores de cabeça.
Desde a checagem da documentação até a inspeção minuciosa de cada componente do veículo, entender cada etapa do processo pode fazer toda a diferença, e neste artigo, você vai aprender várias dicas para identificar possíveis problemas e tomar a melhor decisão na hora de comprar seu próximo veículo.
1 - Documentação
Com toda a documentação em mãos, o primeiro passo é verificar no site do Detran do seu estado ou em uma delegacia de trânsito se o veículo está com o pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo) e o seguro obrigatório DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres) em dia, bem como verificar a presença de possíveis autuações ou multas pendentes.
Em alguns casos, débitos em aberto podem impedir a transferência de propriedade do veículo até que sejam quitados.
2 - Consulta Online
Infelizmente, muitas informações cruciais sobre a procedência de um veículo não estão disponíveis nos sites do Detran, sendo necessário aprofundar a investigação do histórico de um carro, através de uma consulta veicular em sites especializados.
Esses serviços podem fornecer detalhes como:
Dados cadastrais nacionais e estaduais (Renavam, números de motor e chassi, ano, modelo, cor, tipo de veículo e possíveis modificações)
Restrições e impedimentos que possam dificultar ou impedir a transferência do veículo (alienação, processo judicial "Renajud", entre outros)
Passagens por leilão e score
Histórico de colisões (quando houve acionamento de seguradora)
Aceitação em seguros
Risco de comercialização (modelos e versões específicas que podem ser mais difíceis de revender)
Fotos reais do veículo
Histórico de revisões, incluindo data e quilometragem
Histórico de furto ou roubo
Recall em aberto
É importante lembrar que algumas dessas informações podem não estar disponíveis para todos os veículos, especialmente se eles não foram revisados em oficinas credenciadas aos sites de consulta, que por sua vez, não teriam acesso a esses dados.
Mas ainda assim, vale muito à pena verificar o máximo de informações disponíveis para ter maior clareza de como é o histórico de uso do veículo que você está pensando em comprar.
3 - Carroceria e Pintura
Cada peça da carroceria, como capô, portas, para-choques, para-lamas e tampa traseira, deve ser inspecionada em busca de riscos e amassados.
Além disso, é essencial analisar as fixações dessas peças, seja por solda ou parafusos, verificando se há trincas, marcas de chave ou descontinuidades que possam indicar que a peça já foi removida para reparo.
É importante também observar a cor da pintura, verificando se há diferenças de tonalidade entre as peças, e se o alinhamento e o espaçamento entre elas são uniformes ao longo de toda a borda, o que poderia indicar a ausência de reparos decorrentes de colisões, por exemplo.
Para facilitar essa análise, sempre faça a inspeção com o carro limpo e seco, em um ambiente bem iluminado, ou seja, evite realizar essa verificação à noite ou com o veículo molhado, pois esses fatores podem dificultar a identificação de possíveis defeitos na carroceria.
Para uma análise mais precisa da pintura e para verificar se já foi realizado algum reparo, você pode utilizar equipamentos disponíveis no mercado que medem a espessura da tinta sobre as peças.
Esses equipamentos podem ser mecânicos (magnéticos), ultrassônicos ou a laser, sendo que o seu custo varia bastante, de acordo com a precisão que ele pode entregar na sua aferição.
4 - Pneus
Primeiro, verifique a profundidade dos sulcos da banda de rodagem, se atentando para a mínima aceitável de 1,6 milímetros (medida entre a superfície da banda de rodagem e a marca “TWI” — Tread Wear Indicator, ou Indicador de Desgaste da Banda de Rodagem).
Se a marca “TWI” estiver praticamente alinhada com a superfície da banda de rodagem, isso indica que o pneu precisa ser substituído, o que pode servir como um ponto de negociação com o vendedor.
Vale lembrar que um pneu novo geralmente possui uma profundidade de borracha utilizável entre 5,0 e 7,0 milímetros.
Além disso, verifique a data de fabricação nas laterais de cada pneu, indicada no formato semana/ano de fabricação, no padrão "0000".
Em veículos que indicam baixa quilometragem no odômetro (menos de 40 mil km, aproximadamente), a data de fabricação dos pneus deve ser compatível com a do veículo, desde que o rodízio tenha sido feito no tempo correto (Isso é importante porque um jogo de pneus novos tem uma durabilidade estimada de cerca de 40 mil km, dependendo das condições de uso, sendo uma forma de atestar a veracidade da informação mostrada no painel do veículo).
5 - Acabamento Interno
Comece inspecionando cuidadosamente o acabamento do painel, forros de porta, bancos, pedais, alavanca de marcha e teto, sem pressa, analisando cada peça individualmente.
Procure por rasgos, trincas, descascados ou desgaste excessivo nesses itens, que podem indicar um carro que foi muito utilizado, sugerindo uma alta quilometragem.
Em alguns casos, essas peças podem ter sido reparadas, por isso, fique atento a bancos de couro, forrações de volante, carpetes, alavanca de marchas e pedais que não correspondam ao padrão original de fábrica.
Se houverem capas de proteção nesses componentes, levante-as para verificar o estado real do revestimento de fábrica.
6 - Avaliação Mecânica
Se você não tem muita experiência com motores e manutenção mecânica, é essencial buscar a ajuda de um profissional de confiança, como um mecânico ou um avaliador automotivo, que podem identificar problemas "invisíveis".
Comece fazendo uma análise detalhada do cofre do motor, verificando os níveis de todos os fluidos essenciais para o funcionamento do veículo, como óleo do motor, da transmissão automática, líquido de arrefecimento, além dos fluidos de freio e direção hidráulica, entre outros.
É crucial também certificar-se de que todos os fluidos estão dentro dos prazos de troca estipulados pelo fabricante.
Para isso, o veículo deve possuir todas as notas e carimbos de revisões feitas pelo proprietário anterior, sendo essa também, uma outra forma de atestar sobre a real quilometragem do veículo.
EVITE COMPRAR, qualquer veículo que não tenha o mínimo de informações comprovadas sobre o seu histórico de manutenção preventiva e corretiva.
7 - Motor em Funcionamento
Ligue o motor e preste atenção a qualquer ruído incomum durante a partida, assim como a possíveis dificuldades ou lentidão ao dar a partida.
As luzes de advertência de pressão de óleo e carga do alternador devem apagar imediatamente, ao dar a partida.
Aguarde alguns minutos até que o motor atinja a temperatura de funcionamento ideal e aplique um pouco de aceleração, se atentando para qualquer vibração ou ruído que não sejam normais.
Neste momento, peça a ajuda de um amigo ou do próprio vendedor para acelerar o veículo enquanto você vai até a frente do carro, com o capô aberto, e escuta mais de perto quaisquer ruídos incomuns no funcionamento do motor.
Os ruídos anormais mais característicos que podem indicar problemas são do tipo metálicos, especialmente aqueles que acompanham o aumento da rotação do motor, se assemelhando a algo "raspando" ou a batidas constantes, o que pode indicar falhas na lubrificação ou desgaste excessivo em componentes móveis do motor.
Avaliar um carro usado exige atenção aos detalhes que podem fazer toda a diferença entre escolher um veículo bem cuidado, ou uma verdadeira "bomba".
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